quarta-feira, dezembro 30, 2009

Apesar de tudo, é Natal...

"O poder de compra dos funcionários públicos caiu 6% entre 2000 e 2009. As despesas com pessoal da administração pública diminuíram 11,1% em termos nominais e para os dez primeiros meses de 2009, em relação ao mesmo período de 2007. As despesas com a aquisição de serviços a privados por parte da administração pública central, entretanto, aumentaram 11,6% no mesmo período. O que antes era feito pela administração passa a ser feito, cada vez mais, por privados pagos pelos contribuintes. Estas são as principais conclusões de um estudo do economista Eugénio Rosa (disponível em www.eugeniorosa.com)"- João Rodrigues, i de 28/12/2009 (também aqui).

segunda-feira, dezembro 28, 2009

As árvores eram excelentes!



Gosto muito deste postal! Mostra-nos a tranquilidade da Oliveira de Frades de então...Os costumes, o fontanário...sente-se no ar um ambiente bucólico e feliz!
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sábado, dezembro 26, 2009

NATAL

Bom dia e boas festas.

Ouvi há pouco o Cardeal Patriarca de Lisboa queixar-se pelo facto das pessoas encararem o Natal como um acto mais social do que de fé. Que ele se queixe ainda é como o outro, mas que esteja surpreendido é que me admira.

Como ele disse e bem, vivemos num país de baptizados não por opção mas por tradição e também pelo social. É “bem” fazer-se e não importa a idade do iniciado, quanto mais cedo melhor antes que comece a fazer muitas perguntas. Nunca baptizei o meu filho pois sempre achei que ser ou não cristão era uma questão de opção que só ao próprio diria respeito. Mais tarde veio a fazê-lo não por fé mas para poder efectuar outro acto do social: o casamento católico. Nunca o vi ir à igreja antes ou depois do baptismo, excepto para baptizar as suas filhas por vontade da mãe e como pretexto para mais uma festarola. Penso que o Cardeal conhece estas situações tanto quanto eu pelo que me admira o seu espanto.

Quanto ao Natal sempre foi uma festa da família e não me lembro de alguma vez ter sido feita qualquer reflexão sobre o nascimento de Jesus Cristo (JC). Come-se, abrem-se os presentes e convivesse mais do que habitualmente com os familiares próximos e afastados ou de quem não gostamos e a quem não falamos durante o ano inteiro, mas que naquele momento temos de gramar ansiando para que se vão embora o mais cedo possível. Nos últimos tempos o Natal estendeu-se à rua e aí vai a caridadezinha para os sem abrigo, como se existissem apenas entre 24 e 26 de Dezembro (salvo raras excepções de organizações com obra feita e que os acompanham durante todo o ano).

A Igreja que me perdoe, mas no Natal está muito mais presente o Pai do dito do que o menino Jesus.

O próprio nascimento de Jesus nunca foi bem explicado e com o avançar dos tempos ninguém aceita a história da obra e graça do Espírito Santo. Seria muito difícil à igreja vir agora dizer que JC era filho de Maria e de José, mas seria sem dúvida um acto de coragem e possivelmente viria a trazer muito mais adeptos para a causa, pois toda a gente sabe que Maria teve mais filhos de José pelo que não faz sentido continuar a chamá-la virgem. E isto não é de agora e nada tem a ver com o Saramago ou o Brown pois já Pessoa o questionava. Lembro-me de uma passagem do “Guardador de Rebanhos” de Alberto Caeiro em que diz:

“… Nem sequer o deixavam ter pai e mãe/como as outras crianças./Oseu pai eram duas pessoas-/Um velho chamado José, que era carpinteiro/E que não era pai dele;/E o outro pai uma pomba estúpida,/ A única pomba feia do mundo/porque não era do mundo nem era pomba./E a sua mãe não tinha amado antes de o ter…”

Pelo que acabo de expor penso que está na hora da igreja transmitir aos seus seguidores a frase não católica de que “o Natal é quando um homem quiser”, ou seja há que fazer o bem em qualquer altura e sempre que seja necessário e não com data marcada. Poderiam entãofazer do Natal uma festa de homenagem a JC e libertando as pessoas da obrigação de gastarem dinheiro em prendas, de se empanturrarem de doces e de gramar os familiares com quem não falam desde o Natal passado.

Claro que o comércio iria perder mas para compensar criavam-se mais uns quantos dias disto ou daquilo onde se dariam presentes e a igreja podia pensar em cerimónias alternativas ao baptizado e ao casamento, como por exemplo a bênção dos primeiros cartões de sócios dos clubes de futebol e o divórcio litúrgico em que a cerimónia seria em tudo semelhante ao casamento mas com as perguntas ao contrário.

E agora com o casamento entre pessoas do mesmo sexo trabalho não iria faltar.

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Presépio

Este anúncio foi publicado na edição de 16 de Dezembro de 1954 do Notícias de Vouzela. Um tempo em que uma casa comercial de Viseu, ainda encontrava justificação para divulgar tão simples produto... a mais de 20 quilómetros de distância. Um tempo que imaginamos com missas do Galo e casas cheias de avós e tias debruçadas sobre alguidares de massa de filhoses e travessas de rabanadas. Um tempo em que a imaginação infantil, com uma ingénua batota geográfica, adaptava a austeridade do nascimento do Menino ao nosso cenário rural- belo, imaculado... pobre.

O Pastel de Vouzela deseja-vos um feliz Natal.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

São Pedro do Sul: vista geral do Bairro da Ponte

Edição Fradique Santos. Colecção de Marisa Araújo

sábado, dezembro 19, 2009

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Quando as botas (dos adversários) eram "providas de brochas e pregos salientes"


A Associação de Futebol "Os Vouzelenses", iniciou o ciclo do seu 80º aniversário. Pensada em 10 de Novembro de 1929, viu os seus estatutos aprovados em 5 de Janeiro de 1930 e, em 10 de Agosto desse ano, durante as Festas do Castelo, inaugurou o campo das Chãs- por uma vez, uma obra foi rápida em Vouzela. Para comemorar a efeméride, o Pastel de Vouzela vai continuar a publicar alguns apontamentos sobre a colectividade, na linha do que já fizemos no passado dia 11 de Novembro com uma breve referência aos Estatutos iniciais.

Estava-se em 1938 e os Vouzelenses acabavam de atravessar um longo período de inactividade. No entanto, logo em Fevereiro era dada notícia de importante doação para reabilitar o campo e publicavam-se apelos inflamados ao reavivar do entusiasmo de "há 6 e 7 anos". Os jogos iam recomeçar.

Em 20 de Março de 1938, Vouzela mobilizou-se para receber a equipa do Escola Livre d'Azemeis, acompanhada de numerosa legião de adeptos. Recepção ao estilo do tempo, envolveu filarmónica e fogo de artifício, a que se seguiram discursos de forte pendor patriótico e um prolongado almoço no Monte Castelo que terminou por volta das quatro da tarde. O jogo veio depois.

Jogadores alinhados, directores em campo, troca de galhardetes (mais precisamente, uma jarra com o emblema da Escola de Oliveira de Azemeis e um ramo de flores) e escolha do árbitro. Dezassete minutos após o início, já se registava um empate a uma bola e alguma violência que, a acreditar na crónica de R.X.(1), se devia, apenas, às atitudes do adversário e à complacência do juiz da partida. Ainda a primeira parte não tinha acabado e já o guarda-redes vouzelense (Bernardino) era obrigado a abandonar por lesão, sendo substituído por um jogador de campo (Ângelo). Quando chegou o intervalo, o resultado equilibrado contribuiu para acalmar os ânimos: 3-3.

Oito minutos após o início do segundo tempo, os Vouzelenses adiantaram-se no marcador e estabeleceram o resultado final: 4-3. Em resposta, os visitantes reforçaram as atitudes violentas, havendo notícia de lances disputados à bofetada e de sangue a escorrer das pernas e do tronco de Ângelo que, apesar de tudo, se manteve em campo "defendendo de toda a forma que lhe é possível". Aumentava o nervosismo na assistência.

Decorria o 21º minuto da segunda-parte quando a situação se descontrolou de vez: "o público invadiu o terreno e assistimos então a uma sessão de box". Dezoito minutos de pancadaria de "criar bicho" que devem ter marcado a primeira invasão de campo registada nas Chãs. Apesar de tudo, conseguiram terminar o jogo.

No final da sua crónica, o repórter sublinhava: "Enquanto a maior parte dos jogadores vouzelenses iam à farmácia, tivemos ocasião de vêr, na séde da Associação, que as botas de futebol com que os escolares jogaram, eram providas de brochas e pregos salientes, sem respeito algum pelas regras futebolísticas!". Nada que impedisse a merenda que se seguiu...

Para a história, regista-se a constituição da equipa de Vouzela: Bernardino, Carvalho e Teles; Ângelo, Alexandre (cap.) e Vitória; Pepe, Frederico, Silvestre, Fernado e Pinto.
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(1)- Notícias de Vouzela, 1 de Abril de 1938. "R.X", talvez tenha sido uma adaptação local do famoso "Repórter X".

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Cédulas emitidas pela Câmara Municipal de Vouzela

[ver ADENDA]
Durante a grave crise económica que afectou Portugal no final da I Grande Guerra e, essencialmente, nos anos imediatos ao pós-guerra, muitos cidadãos resolveram amealhar as moedas que se encontravam em circulação, visto que o valor do seu metal era superior ao próprio valor facial das moedas.

Verificou-se, assim, uma falta significativa de moedas de valor facial mais baixo, pelo que, principalmente entre 1919 e 1922, várias instituições emitiram cédulas que vieram suprir essa escassez de trocos. Câmaras Municipais, Associações Comerciais e Industriais, Misericórdias, Mercearias, Papelarias, centenas de instituições, emitiram essas cédulas, cujo valor variava, na sua maioria, entre um e vinte centavos.
A Câmara Municipal de Vouzela emitiu três cédulas, aqui reproduzidas, de 1, 2 e 4 centavos.









[Adenda] Em especial para o nosso amigo Victor Azevedo, a nota de 4 centavos foi recolocada online com mais resolução para que possa ser apreciada em todo o esplendor. O tamanho original de cada nota é de 7,4 cm x 5,5 cm.

sábado, dezembro 12, 2009

Dúvidas e certezas sobre o aquecimento global

"Se os cientistas estiverem certos, safamo-nos e construímos uma economia melhor. Se estiverem errados, safamo-nos de certeza- essa é a boa notícia- e construímos na mesma uma economia melhor- essa é a segunda boa notícia.
Se os cépticos estiverem certos, continuamos com uma indústria poluente e sem incentivos para mudar. E se os cépticos estiverem errados?- aí lixamo-nos de vez"- Rui Tavres, in Público de 09/12/2009.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

A propósito de (mais) uma cimeira

Bartoon, Público de 9 de Dezembro

Vai animado o debate sobre as alterações climáticas (veja estes exemplos domésticos aqui e aqui). Sobretudo a partir de Quioto, começaram a ser divulgados "rigorosos estudos científicos" que procuram contrariar o peso da influência humana no aquecimento global. O ponto alto desta história foi atingido com a divulgação de um conjunto de "mails" que deviam demonstrar que alguns cientistas exageraram, propositadamente, as conclusões. A resposta não se fez esperar, denunciando o facto das mensagens divulgadas terem sido retiradas do contexto. Como cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal, a única conclusão a tirar é que acreditar na isenção da ciência é como acreditar no Pai Natal: pura ilusão. Agradável, mas de curta duração.

Para o cidadão comum, estes problemas colocam-se de modo, digamos, mais terra-a-terra: seja qual for a causa, as alterações climáticas significam falta de água, alteração no ciclo das plantas, com consequências na alimentação de pessoas e animais e, a prazo, na área habitável do planeta. Ponto final. É para isto que se exigem soluções.

Claro que, num mundo cada vez mais (sub)urbanizado, enquanto o copo puder estar cheio com água engarrafada e a saladinha no prato (mesmo que à custa de produtos que viajaram milhares de quilómetros), estes problemas ou são remetidos para as curiosidades jornalísticas, ou, quando muito, podem justificar uma velinha à janela pela felicidade dos netos. Isto, apesar de já por aí andarem alguns a tremer, perante a ameaça de massivos movimentos migratórios. A manter-se a situação actual, tal cenário parece inevitável, a menos que entremos num nível de barbárie que consiga fechar os olhos à condenação à morte de milhões de pessoas.

Portanto, o que queremos são medidas concretas que, baseando-se nos conhecimentos científicos (que não faltam), permitam corrigir o que se sabe estar mal: quantidade e qualidade da água, excessiva dependência dos combustíveis fósseis, emissões poluentes e qualidade do ar.

Ouvimos, há dias, o secretário de Estado Humberto Rosa falar a este respeito, enaltecendo o investimento feito pelo governo nas energias renováveis. Pena foi que não tivesse falado na avaliação negativa feita pela Comissão Europeia ao famoso Plano Nacional de Barragens, onde se afirma que ele põe em causa a qualidade da água. Pena foi que não tivesse explicado a obsessão pelas auto-estradas, quando, ao mesmo tempo, se despreza o transporte ferroviário que não rime com TGV. Pena foi que não tivesse explicado o que levou o governo a apoiar o fabrico de automóveis eléctricos para consumo privado, quando nada fez para melhorar e alargar a rede de transportes públicos. Enfim, como tem sido hábito, o mais importante é o que não se diz...

Consta que os participantes na cimeira de Copenhaga não conseguiram evitar uma lágrima furtiva, perante os emotivos documentários e os discursos inflamados que abriram os trabalhos. Veremos que sentimentos vão dominar o seu encerramento. Para já, nada de novo: continua-se a condicionar tudo a saber quem vai pagar a factura das alterações necessárias, como se nestas coisas do ambiente fosse possível alterar alguma coisa, sem alterar tudo e todos. A continuar assim, Copenhaga não será mais do que uma desculpa para que tudo continue na mesma.

Aguardemos, pois, pelo desenrolar dos trabalhos, para sabermos se devemos concluir que "algo está podre no reino da Dinamarca", ou se, no mesmo registo shakespeareano, podemos respirar de alívio por, finalmente, se ter percebido que "há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia".

segunda-feira, dezembro 07, 2009

A Pensão Avenida...há muito tempo...



Esta é uma das minhas jóias da coroa... Nesta fotografia podemos ver a Pensão Avenida ainda com dois pisos...
Quem ajuda a recordar?
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domingo, dezembro 06, 2009

3 anos

Foto de Margarida Maia

Não, ainda não enche uma caixa de meia-dúzia, mas três aninhos já cá cantam. O objectivo da primeira hora, era reflectir sobre Vouzela e toda a região de Lafões, incluindo "histórias de amor e preconceito, orgulho e inveja, sensibilidade e maledicência(...)"- mantém-se. O alargamento do leque de colaboradores, permitiu-nos ir um pouco além e enriquecer o recheio. A todos os que nos têm ajudado a manter o folhado fino (que é onde está o segredo), o nosso muito obrigado.

sábado, dezembro 05, 2009

Quem o diz é um prémio Nobel da Economia

"É provavelmente demasiado tarde para instituir um programa de manutenção de empregos como o muitíssimo bem sucedido subsídio que a Alemanha ofereceu aos empregadores que conservaram o pessoal. Mas os empregadores podem ser incentivados a contratarem mais trabalhadores à medida que a economia crescer. O Economic Policy Institute propõe a concessão de um crédito fiscal aos empregadores que aumentem o número de pessoal, uma medida que vale a pena experimentar"- Paul Krugman, i, 4 de Janeiro.

É cá dos nossos!

Victor Azevedo é um leitor assíduo e mais uma daquelas pessoas a quem a nossa região soube conquistar. Também é um parceiro destas lides da blogosfera e, sobretudo, gosta do genuíno pastel:

"De recheio de ovos único e de receita de segredo, envolto em massa finíssima, igualmente única em tudo o que se vê por aí no mundo da pastelaria, estes Pasteis de Vouzela não têm comparação com outros, eventualmente parecidos, que se produzem e vendem no nosso Portugal!"
- Victor Azevedo.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Presos no cimento


José Sócrates afirmou a sua fé nas medidas do governo para combater o desemprego. A fé move montanhas, mas, por aqui, o Caramulo mantém-se quietinho. De qualquer modo, a intervenção do "Altíssimo" tem largo registo nas páginas das histórias da nossa História e quem resolveu Ourique, não deve, agora, hesitar perante uns míseros 10,2 por cento.

Só que, quando olhamos para as tais medidas, sentimos o chão a ceder e os pés a enterrarem-se- é cimento fresco! TGV, Plano Nacional de Barragens, novo aeroporto, mais auto-estradas... O peso da construção civil na ocupação da mão-de-obra dita as suas leis. Mas também reforça um dos mais graves problemas da nossa economia, dominada por sectores pouco ou nada produtivos, muito dependentes do mercado interno e que abusam do território limitando-o à condição de simples mercadoria- por algum motivo a prometida alteração da "Lei dos Solos" tem vindo a ser sucessivamente adiada (começou por ser anunciada em 2007, passou para 2008, já lá vai 2009 e... continua a passar).

Mas, sejamos crentes, optimistas e acreditemos que, pelo menos, o problema do desemprego será resolvido. Certo? Errado! Com o nível de endividamento dos portugueses e com o excesso de oferta de habitação criado nos anos dourados da "política do betão", é duvidoso que, a nível doméstico, se consiga mercado para justificar a dimensão que o sector adquiriu. Admitindo que a União Europeia vai continuar a financiar o desvario, restam as obras públicas, mesmo assim limitadas no tempo e no espaço. Talvez construir dois aeroportos, um em cima do outro, ou uma auto-estrada até aos Açores...