terça-feira, janeiro 30, 2007

Era uma vez, o comboio...

Quero resistir à tentação de “chapar” aqui a lista de recursos imensos que se foram perdendo, por ignorância, por interesse, por falta de ideias. Quero resistir, apesar de saber que vamos aturar o discurso, em pose, de quem finge tirar da cartola a solução para o problema que antes criou, lamuriando pela falta que faz o que, ele próprio, destruiu. Agora, quando a “Mãe Natureza” começa a dar sinais de estar farta de nos aturar e os nossos “responsáveis” vão aprendendo, a custo, as regras da temática ambiental, não devem tardar a acender as “fogueiras” contra o automóvel que promoveram, em prol de um transporte público que nunca protegeram, nem organizaram. Por isso, não resisti. Ao "tropeçar" com algumas páginas de fotografias da antiga linha do Vale do Vouga, não resisti a publicá-las. Para recordar um comboio que já houve e que não se soube aproveitar. Façam o favor do "clicar" aqui e aqui. Era uma vez um comboio...

sábado, janeiro 27, 2007

Vozes Razoáveis: Os zulus da Europa (retirado do "frenesi")

Com a devida vénia, retiramos do “frenesi” algumas passagens de O Natal do Sinaleiro e Outras Crónicas (Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2004) da autoria de José Luís Saldanha Sanches. Não sei porquê, mas quando leio aquela parte em que o fiscalista refere os concelhos em que “há obras por causa das comissões”, não consigo evitar recordar-me que a Grande Área Metropolitana de Viseu, apresenta no Relatório do “PDICE” (não me perguntem o que é, mas envolve candidaturas a dinheiros) a proposta de construção de... uma auto-estrada entre Viseu e Coimbra! Será que não há outras prioridades? A sério?!!!

«Quando se vende armamento, ou outra coisa qualquer, para países como Angola, a principal preocupação do negociador, segundo os que já participaram no processo, não é qualidade do produto, mas sim saber quanto é a sua comissão.A boa ou má qualidade do produto é uma questão secundária. E se a má qualidade das estradas portuguesas for a razão principal para a mortalidade rodoviária, começamos a pensar em certos engenheiros que fiscalizam obras públicas.
[…]
Aquilo que o comerciante paga ao fiscal para que este não o incomode fica no circuito económico, sendo enriquecimento ilícito de um funcionário público que se vai traduzir na procura acrescida de bens ou serviços.
A menor eficiência da empresa por não ter a contabilidade falseada, ou os vícios na construção da estrada porque o fiscal da obra só vigiava a sua conta bancária, ou os atrasos em obras de grandes cidades, é um mero desperdício. Tal como o tempo que o médico público / privado perde na estrada a deslocar-se de um lado para o outro. O resultado é sempre o mesmo: um jogo de soma negativa. Todavia, como dizia o outro que se atirou da janela do arranha-céus, ao passar pelo terceiro andar: Até aqui, tudo bem.
Mesmo sugada até à medula por um sector público parasitário, por causa do saque praticado por alguns dos seus servidores, a economia tem crescido. No entanto, tudo vai azedar se, ou quando, a economia começar a crescer ainda menos, e acabar a cornucópia dos fundos estruturais.
[…]
A má reputação dos autarcas é hoje um facto público e notório. Mas o conjunto dos autarcas não há-de ser melhor ou pior do que o conjunto dos médicos ou o conjunto dos jornalistas.
[…]
Se a comissão de Estudo e Análise do Imposto sobre a Corrupção Local fosse composta por autarcas como António Saleiro, Fátima Felgueiras, Narciso Miranda, Mesquita Machado ou José Luís Judas, as ideias e os projectos iriam brotar como cogumelos.
O carácter bipartidário da comissão poderia ser garantido atribuindo a presidência a essa figura tutelar da democracia, do futebol e dos electrodomésticos, chamada major Valentim Loureiro. Tudo gente cuja honradez e dedicação à causa municipal não oferece a menor dúvida.
Sem querer antecipar-me aos trabalhos da comissão, permito-me sugerir a divisão dos concelhos em duas categorias.
A primeira seria a dos concelhos onde haveria comissões, não uma comissão como esta que propomos, mas aquelas a que se chama também luvas ou percentagens, por causa das obras.
A segunda seria composta por aqueles concelhos, já numa fase mais avançada, em que há obras por causa das comissões.
A possibilidade desta divisão pode ser medida pelo que já foi designado como sinais exteriores de bandalheira. […]
O Estado é uma coisa tão boa que o devemos ter tão perto de nós quanto possível. Talvez mesmo de modo a que possamos sentir o seu odor.
Pessoalmente, a ideia não me parece simpática. Um Estado demasiado próximo é um Estado onde não há espaço nem para a regra nem para o princípio. Só para o casuísmo do melhor e do pior.»

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Hotelaria e restauração em Vouzela...




- "clique" na imagem para ampliar

...em 1949! A população do Concelho rondava os 15 mil habitantes e os anúncios aqui publicados, constavam do programa das Festas do Castelo desse ano. Delicioso o pormenor da promoção do Hotel Mira Vouga, que se auto-intitulava "um dos melhores e mais concorridos" do país. Por sua vez, o Café Sport, que também vendia mercearia e fazendas, garantia que os seus pastéis eram "os verdadeiros", demonstando que, já na altura, a tentação para as "imitações"era grande. Finalmente, uma referência às morcelas doces, "frias ou quentes", promovidas pelo Café Gato Preto, doce regional que caiu no esquecimento.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Privilegiar a recuperação e protecção dos recursos hídricos

(Rio Vouga, Guilherme Figueiredo)

Começou por ser “coisa de cientistas”, tema que nos fazia suspirar, aceitando perder breves segundos a imaginar um futuro difícil que remetíamos lá para os bisnetos. Afinal de contas, a redução das reservas de água potável no Planeta é uma realidade imediata e não tardará muito para que os portugueses percebam que, apesar de tudo, também fazem parte... do Planeta. Depois, como dizia o outro, “quando a água faltar nas torneiras e o ar custar a entrar nos pulmões, todos seremos ecologistas”.

Estudos hoje apresentados no Instituto Superior Técnico, demonstram que as alterações climáticas que estamos a viver, vão ter rápidas consequências nas reservas de água, acelerando a tendência para a desertificação do Sul do país (mas também com impactos significativos a Norte) e aumentando os riscos de contaminação dos lençóis freáticos, com a consequente degradação dos ecossistemas. De acordo com os cientistas, a tendência imediata será para o surgimento de situações de catástrofe, quer com o aumento do risco de cheias, quer com prolongados períodos de seca, a que se junta a ameaça de surgimento de “doenças tropicais”, como a malária.

Perante isto, não pode haver qualquer dúvida quanto à necessidade de se privilegiarem as medidas de recuperação e protecção dos recursos hídricos, impondo-se uma “opinião pública” forte que acelere a sensibilização dos responsáveis nacionais e locais. De facto, apesar da região de Lafões ter abundantes reservas de água, a sua degradação tem sido uma constante, à custa de falta de planeamento dos esgotos domésticos e industriais. Avaliar cada uma das situações e definir uma estratégia e um calendário de intervenção, deve ser a prioridade das autarquias. Já não é de prevenção que se trata, mas sim de acorrer a “fogos reais” que estão aí. Resta saber o quanto nos vão "queimar"...

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Do Castelo às águas do Vouga

Foto: Guilherme Figueiredo

1. No âmbito do projecto ProNatura e através de um protocolo assinado com diversas entidades, a Câmara Municipal de Vouzela vai reordenar a floresta do Monte da Sra. do Castelo. Prevê-se a plantação de 5500 carvalhos, 1300 castanheiros, 4000 ciprestes, 1000 sobreiros e 200 bétulas, de modo a reduzir-se o risco de propagação de incêndios naquela zona. Se a medida nos parece merecer total apoio, não podemos deixar de lamentar que não se tenha evitado, há não muito tempo, um corte de carvalhos, na encosta poente do Castelo, por parte de um particular. Já agora, fazemos votos para que idêntica preocupação se estenda ao Monte Cavalo, onde as clareiras abertas para a construção dos pavilhões da zona industrial, transformaram a principal entrada na vila, num “monumento” ao desleixo.

2. O “esvaziamento” do Centro de Saúde de Vouzela, em proveito das recentemente criadas Unidades de Saúde Familiar, é uma medida difícil de compreender, seja qual for o ângulo por que a analisemos. Na verdade, fica a ideia de que apenas se procuram reduzir despesas imediatas, “atacando” uma terra que se pensa ter reduzido poder reivindicativo, devido ao progressivo decréscimo da sua população. No entanto, também deve ser uma lição, mostrando que é tempo de pensar os equipamentos a uma escala mais alargada, ultrapassando tacanhas fronteiras de “bairro” e encarando a região de Lafões como Amorim Girão a definia: “um todo homogéneo e correspondendo (...) a uma verdadeira região natural”. O ordenamento do território agradece e as vozes das nossas gentes serão mais rápidas a atingir...o coração dos decisores.

3. Aliás, vão neste sentido as exigências feitas para as candidaturas à última grande transferência de fundos europeus. Fazendo uma avaliação negativa da anterior gestão da responsabilidade de cada autarquia, o actual governo exige “escala” aos projectos apresentados, convidando os municípios vizinhos a uma maior colaboração recíproca. Na verdade, se pensarmos nos recursos que faltam ou que necessitam de recuperação urgente, facilmente concluímos que os limites dos concelhos são estreitos. O Vouga aí está para o provar. Ou... mais uma vez, vai ser esquecido?

domingo, janeiro 14, 2007

Grande exercício de cidadania!

É sempre um alívio constatar que ainda há gente que se preocupa em saber o que pensamos e que as características da maledicência estão a ser protegidas- que haja alguma coisa que o seja. Depois de terem pedido a nossa opinião para decisões fundamentais como saber quem foi o maior jogador de futebol de todos os tempos, o maior português ou os sete principais monumentos de Portugal, eis que lançam o desafio que faltava: quem foi o pior português e qual a personagem que melhor encarna o que de mais baixo, mais reles se vai fazendo por cá. E ainda dizem que não se apela à participação dos cidadãos...

Empenhado em apoiar o que de melhor se produz no nosso País, “Pastel de Vouzela” dá uma ajudinha a este exercício de aprofundamento da democracia, indicando, aqui (façam o favor de "clicar"), o caminho para a votação. Vá lá depressa, porque está a acabar. E repare que, apesar de dizerem que nunca nos entendemos, há quase um consenso nacional em colocar uma autarca no “top” do piorzinho.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

O núcleo da questão

Durão Barroso entrou-me pela casa dentro à hora de jantar, apresentando a “estratégia europeia” para a energia e as alterações climáticas. Enfim, nada de novo. “Estratégia” é apenas um título pomposo, já que os interesses são muitos e variados e o Zé Manel não é homem para conflitos. Assim, cada um faz o que quer e como quiser, tendo como meta a redução de 20% nas emissões dos gases de efeito de estufa, até 2020 (entre 1990 e 2020, mais precisamente). Meta, aliás, insuficiente, como já foi demonstrado por diversos estudos e incompatível com o objectivo da própria União Europeia de evitar a subida da temperatura em mais de 2 graus centígrados.

Mas a coisa ficou mesmo feia quando, interrogado pelos jornalistas, decidiu dar um empurrão à opção nuclear para Portugal. Não se comprometendo, claro. No entanto, é estranho que, sobre um país onde se reconhece existir um alarmante desperdício de energia, onde praticamente se limita a estratégia de circulação ao automóvel, onde têm sido muitas as dificuldades sentidas por quem quer investir nas energias renováveis, nada mais haja para dizer do que uma promessa de apoio a uma eventual opção pela energia nuclear, reconhecidamente perigosa e cara.

Portugal não tem conseguido respeitar as metas definidas no âmbito do Protocolo de Quioto, sendo obrigado a “comprar” a autorização para ultrapassar os limites definidos para as emissões. Quer dizer, aquilo que se pensava poder ser a motivação necessária para racionalizar gastos de energia, melhorando as instalações industriais, impondo uma mais completa regulamentação para o isolamento dos edifícios, melhorando a oferta do transporte colectivo, etc., tem sido pervertido, ao bom estilo do “pato bravo”, preferindo-se pagar a multa a cumprir os regulamentos. Perante isto, o presidente da Comissão e cidadão português, vem manifestar a sua disponibilidade para apoiar que tudo continue na mesma, só que... à custa do nuclear. Não há dúvida que é pouco saudável ter a televisão ligada à hora das refeições.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

80 anos depois: ideias que se perderam nos caminhos do tempo

Quando sopram ventos que ameaçam a permanência de alguns serviços em Vouzela, talvez seja de recordar que, há 80 anos atrás, vivia-se o conflito da supressão da Comarca, o que justificou um violento discurso do Presidente da então Comissão Administrativa Municipal, Dr. Guilherme Coutinho, contra os “juízes funcionários do Conselho Superior Judiciário inimigos de Vouzela”. No entanto, parece-nos valer a pena registar outros acontecimentos, simples ideias, muitas delas nunca concretizadas, mas que reflectem o dinamismo de vouzelenses de épocas diversas, a sua vontade, o seu sonho. Os exemplos que apresentamos, fazem 80 anos e foram retiradas da obra Vouzela- A Terra, os Homens e a Alma, Maria da Glória de Oliveira Girão de Carvalho, Maria Teresa Ferreira e Costa Tavares e Francisco da Cunha Marques, Edição da Câmara Municipal de Vouzela, 2001.

Janeiro de 1927. Com o objectivo de iniciar a iluminação pública e particular de Vouzela, Manuel Ferreira Coutinho pedia autorização “para colocar postes e montar rêde eléctrica dentro desta vila para distribuição de energia fornecida por uma queda de água no Rio Zela.” (p. 129)

Em 8 de Dezembro de 1927, a Comissão Administrativa Municipal decidiu pedir ao governo “a creação d’uma escola d’ensino primário complementar, com sede nesta vila, para ensino profissional da agricultura (...)”. É curioso registar que esta ideia foi retomada pela Comissão Administrativa que dirigiu a Câmara após o 25 de Abril de 1974 e que, numa entrevista publicada no periódico “Vouga Livre” em Julho desse ano, defendia a necessidade de se pensar numa Escola Agrícola para a região (p. 137 e p. 254).

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Mudar de agulha

Mais um estudo, desta vez da responsabilidade do Instituto de Estudos Regionais e Urbanos da Universidade de Coimbra (IERU), avançando linhas orientadoras para o “desenvolvimento de Lafões”. Como principais conclusões, a necessidade de delinear estratégias em torno dos vastos “recursos endógenos” (como a paisagem, o património edificado, as aldeias históricas, a gastronomia), a par de um investimento na qualificação dos recursos humanos. Óbvio.

Dos dados fornecidos (que apenas conhecemos pelo que foi publicado no “Notícias de Vouzela”, “Gazeta da Beira” e na página da Câmara Municipal de Vouzela), ressalta a imagem positiva que a região desfruta entre a população portuguesa, embora a maioria só a tenha conhecido através da televisão e, no grupo que realmente a visitou, 61% não tenha permanecido, em média, mais do que 12 horas. Também nos parece justificar reflexão, o facto do conhecimento de Lafões ser maior na faixa etária com mais de 54 anos, destacando-se de entre os produtos mais citados, as Termas (70%), o vinho (54%), a vitela (49%), os pastéis de Vouzela (40%) e o cabrito da Gralheira (13%). Ou seja, a maioria dos inquiridos ouviu falar mas nunca veio à região, referindo maioritariamente os produtos (à excepção do vinho que apresenta dados que nos surpreenderam) que mais divulgam a imagem fora dos seus locais de origem. Aliás, a média de permanência parece apontar o dedo a um dos problemas evidentes, sobretudo se tivermos em conta que os utentes das Termas deviam contribuir para valores mais elevados: não há oferta hoteleira satisfatória.

Uma relação difícil

Não é por falta de estudos e conselhos que a região não encontra o seu caminho. O problema parece estar nas lições que se (não) tiram e no modo como se usam. Tem havido uma relação difícil entre os autarcas e o principal recurso de Lafões- a paisagem. Muito “desenhada” por uma actividade agrícola para que se não tem sabido encontrar saídas, a paisagem de Lafões continua a impor-se, apenas, graças à baixa densidade populacional, a algumas zonas classificadas e aos cada vez mais limitados recursos das autarquias. De facto, ela persiste mais pelo que não se faz, já que a “obra” feita tem ignorado, propositadamente ou não, as características rurais do meio, precisamente as que mais atraem quem nos visita. O desafio passa, então, por integrar estas características nos projectos de desenvolvimento e não apenas criar nichos de ordenamento, no meio da destruição geral.

A procura da diferença

Quando se anuncia até à exaustão a importância de uma simples unidade hoteleira virada para o “turismo sénior”, está-se a insistir no erro. Quando se limitam projectos ao mercado nacional, revela-se uma ignorância grave. De acordo com o Eurostat, em 2020 a população dos países da UE (antes do alargamento), com mais de 60 anos, deve rondar os 25%. Isto representa um mercado potencial que não pode ser ignorado (sobretudo se tivermos em conta uma esperança média de vida a rondar os 80 anos), constituído por pessoas com significativo poder de compra e grande mobilidade, disponíveis para usufruir ofertas de qualidade. Simples hotéis com equipamento específico e animação pensada para as manter fechadas, têm elas nas suas terras. O que vão procurar é o usufruto do espaço, é a alternativa aos grandes centros urbanos, é o paradigma da diferença. Longe de se contentarem com unidades isoladas ou “centros históricos” de delimitação duvidosa, vão procurar a vivência só possível numa região inteira, que saiba preservar e permitir o uso do seu património natural e edificado, fornecendo, ao mesmo tempo, as melhores respostas ao nível das comunicações, da saúde e da segurança. Elas vão ter idade e cultura para saberem o que querem e dinheiro para o pagar.

Mas, apostar neste tipo de projecto, tem ainda outra vantagem: não é necessário “inventar” uma “população ideal” para o conseguir. Basta incentivar a que existe a fazer o que sempre fez, apoiando-a do ponto de vista técnico e permitindo-lhe aceder às necessárias contrapartidas, directamente relacionadas com o êxito da iniciativa. Difícil é convencer os autarcas a “mudar de agulha”, a redefinirem os objectivos que têm presidido à sua acção. Isto, porque uma nova orientação implica preservar em vez de construir, manter e melhorar em vez de alterar. E, no entanto, os ventos que sopram deviam levar a uma mudança de estratégias. Ou de autarcas...

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Radão: para uma coexistência pacífica

Este é um daqueles casos em que temos, mesmo, que aprender a conviver com o “inimigo”. O radão é um gás de origem natural, radioactivo, proveniente do urânio e rádio existente na maior parte dos solos e rochas (mas, sobretudo, nas graníticas) e que se associa a doenças pulmonares de elevada gravidade. Se nos espaços exteriores, dificilmente se encontram valores perigosos para a saúde, já nos interiores deve haver algum cuidado, justificando-se, até, a definição de normas para construções em zonas de elevado risco. Mais: justificava-se a colaboração permanente entre autarquias e organismos especializados, de modo a que houvesse um esclarecimento das populações e fossem realizadas medições periódicas, única defesa eficaz, já que estamos na presença de um gás não detectável pelos nossos sentidos.

De acordo com um estudo realizado pela Deco em 2001, os distritos de Braga, Vila Real, Porto, Guarda, Viseu, Castelo Branco e Portalegre (Serra de São Mamede), são considerados de risco. Medições efectuadas entre Novembro de 2003 e Julho de 2004, revelaram que cerca de 34% das habitações analisadas ultrapassavam os limites de segurança admitidos pela União Europeia (Directiva 90/143 EUROATOM). No entanto, como em muitas outras coisas, mais do que temer, importa conhecer. Nesse sentido, aqui deixamos o contacto de dois organismos portugueses especializados, com diversas sugestões para construções antigas e recentes e disponíveis para a realização de testes. Fica também a ligação para a página da "Health Protection Agency", onde se apresentam interessantes propostas de resolução do problema em habitações.