segunda-feira, outubro 04, 2010

Há 100 anos... a República.

Comemora-se um pouco por toda a parte os 100 anos da República, marco importante na história do país. Esquecendo por momentos o contexto político da época, esses anos foram também anos de grande mudança física na nossa vila. Sem o rigor de datação de imagens, sempre difícil a esta distância, relembremos um pouco Vouzela há 100 anos.

A Praça Velha que acabou por ser "da República", ainda estava em remodelação e imagens do local não a referenciavam.



Entretanto, demos-lhe um nome (em sessão da Câmara de 22 de Dezembro de 1910).


O Pelourinho ainda estava na Escola Conde Ferreira (só muito mais tarde foi transferido para a Praça). Por sua vez, a Escola foi reconstruída em 1913.


A Igreja Matriz (que era maior do que agora) era revestida a cal...


... e deixou de ser, passando a ter a beleza que lhe reconhecemos.


Plantámos árvores no jardim que ainda não era...


A rua era mais Direita...


... do que Morais Carvalho...


... cuja estátua ainda tinha gradeamentos (não fosse o homem voltar para Lisboa).



As nossas avós lavavam e coravam a roupa no rio Zela...



E vendiam / compravam o que precisavam no Mercado Público.



A vista era mais triste. Não tínhamos árvores no Castelo, nem caminho de ferro, nem ponte...



... e passámos a ter ponte...



... e estação...


... e comboio inaugurado em 1914.


O comboio passou a ser parte integrante das nossas vidas...


Entretanto, alterou-se a iluminação pública, iniciou-se a construção do Mercado Municipal (projecto do arquitecto Raul Lino), fixou-se (1912) a primeira quarta-feira de cada mês para a realização da feira e definiu-se (1915) o dia 14 de Maio, dia de S. Frei Gil, como feriado municipal. Tomou-se partido nos acontecimentos da "Monarquia do Norte" e, quando se deu a instauração da ditadura em 28 de Maio de 1926, preparava-se a construção do edifício do Tribunal (hoje, Câmara Municipal). Na sessão de 26 de Fevereiro de 1926, o vereador António Joaquim de Almeida Campos avançava a seguinte proposta:
"Tendo-se (...) verificado que pelo processo seguido até hoje pelas Câmaras anteriores na realização dos (...) trabalhos públicos sem um perfeito estudo e conhecimento do que se pretende (...) obriga a gastos muito superiores ao que era lícito esperar-se (...), resolva que todos os trabalhos de obras a fazer de futuro obedeçam a um plano perfeitamente estudado e nunca por efeito de sugestões que não obedeçam ao mesmo princípio (...)" (1).

Em 2110 o Pastel de Vouzela promete publicar imagens da vila no tempo em que se comemorava o centenário da República. Cumpre-nos ficar bem na fotografia e na história e sermos recordados pelos nossos netos pelo bem que fizemos a esta terra.
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(1)- Vouzela- A Terra, os Homens e a Alma, Maria Glória O.G. Carvalho, Maria Teresa F. C. Tavares, Francisco Cunha Marques, 2001, pág. 124.

7 comentários:

  1. Magnífico! Gostei bastante!
    Muito obrigado!
    Victor Azevedo

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  2. ... e assim se faz História... com artigos como este...

    Muito bom... as fotos e a História; bem documentado e bem escrito, como de resto,já estamos habituados, aqui no Pastel...

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  3. Recorde-se que o CP acabou de participar numa exposição em Gaia, com 60 postais que ilustram "Vouzela há 100 anos".

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  4. Passados que são cem anos, é curioso verificar que as edificações estruturantes da vila e que em boa medida lhe dão uma faceta peculiar, não têm merecido um tratamento adequado ao seu valor patrimonial e histórico. A famigerada "casa das ameias" é disso exemplo. Que "bonita" que ela estava quando da instauração da República. Hoje, a República está pré-falida (?), ou talvez não. Certo é que urge restituir dignidade a tal edificação,e a outras similares, para que daqui a cem anos não se esteja a falar de uma República de escombros!!!
    A propósito, devido ao temporal de Domingo passado, uma das árvores, frondosas, caiu, à entrada do jardim, irremediavelmente. Também por isso, a foto postada do jardim ganha particular interesse histórico.

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  5. ...trabalho muito bom...parabéns...

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  6. Um bom trabalho. Parabéns!

    Em 100 anos, com ou sem República, Vouzela teria que evoluir. Como todo o país, entenda-se....

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